3.
Introdução
As questões do ambiente e as alterações
climáticas são cada vez mais assuntos não só da comunidade científica, como da
sociedade em geral. “Pensar o passado para compreender o presente e preparar o futuro” – Heródoto.
Este pensamento continua actual, no entanto apesar da evolução das tecnicas há
sempre limitações. “ Ao trabalhar-se o passado ( remoto ou recente), o
investigador não tem a possibilidade de proceder à replicação
experimental”, …” a actividade do investigador está limitada ao domínio das
hipóteses, que podem ser mais ou menos consubstanciadas com novos dados, mas
que nunca podem ser confirmadas factualmente” (Dias 2004). A Mata Nacional de
Leiria tem uma história tão antiga como a nacionalidade Portuguesa e o pinheiro
bravo está-lhe intersectado, fazendo sentido procurar a história do Pinus
pinaster num território tão marcante, tão simbólico e como disse Barros Gomes “
o maior e mais antigo monumento vivo de Portugal”.
3.1 – Objectivos da investigação.
Este
trabalho procura saber como nasceu a ligação do pinheiro à Mata Nacional de
Leiria. O trabalho começa por recuar até à última grande glaciação, procurando
saber se o pinheiro bravo resistiu aos períodos glaciares no actual território
Português e à desflorestação, de modo a compreender se o Pinus pinaster hoje
dominante em Portugal se ficou a dever à posterior plantação por parte do homem.
Esta questão tem sido tarefa abordada por diversos autores em diferentes
estudos, e apesar de algumas divergências, a maioria dos investigadores vão no
sentido de o Pinus pinaster ser uma espécie autóctone. Assim, este trabalho
recua muito antes do tempo da 1ª dinastia e tenta encontrar na articulação dos
diferentes saberes da ciência as respostas à curiosa questão. Já outros o
fizeram, desde logo em 1938, quando Arala Pinto publica a sua obra “ O Pinhal
do Rei”. É este percurso no passado, que este trabalho procura sintetizar,
cimentando uma conclusão com as diferentes perspectivas e os com os diferentes
ramos do conhecimento. Neste contexto, a Mata Nacional de Leiria
é um território
que se enquadra nesta problemática um dos melhores exemplos da intervenção
humana e do ordenamento, bem como é um território que preserva não só
testemunhos antigos da presença antrópica, mas também conserva do ponto de
vista geomorfológico. Acrescenta-se que a presença do homem
influenciou desde cedo os habitats e a floresta, nomeadamente desde o
neolítico.
3.2 - Metodologia:
de
estudo na actualidade, nas suas diferentes vertentes físicas, de modo a fazer
uma caracterização da mesma, bem como abordar o estudo das características da
espécie Pinus pinaster (objecto central do trabalho). Na etapa seguinte o
estudo virou-se para o passado, de modo a compreender a evolução ambiental,
local e regional de modo a extrair conclusões que permitam perceber o percurso
do pinheiro bravo até aos dias de hoje. Para fazer este percurso ao passado, a
descoberta do mesmo, passa por interpretar os testemunhos encontrados na
natureza. Assim, considerando que o espaço temporal e logístico para a
realização deste trabalho é bem limitado, a consulta de trabalhos publicados
relativos ao tema, é inevitável. Pelo que, foram consultados e analisados
resultados já obtidos por diferentes autores e ramos do conhecimento. Assim,
para além da análise dos diagramas polínicos, e do seu valor probatório,
interpretou-se os estudos arqueológicos numa perspectiva ambiental, bem como
foi estudada a evolução geomorfológica, e ainda numa dimensão mais recente
recorreu-se à consulta de documentação relativa à intervenção humana. Foi ainda
tomado em consideração os trabalhos publicados relativos à análise
cromossómica, ou seja dos marcadores genéticos, os quais podem reforçar os
outros indicadores. Em síntese exploraram-se as diferentes dimensões de modo a
ser criada uma convicção forte nas conclusões a efectuar neste estudo.
4. -
Enquadramento geográfico da área de estudo
4.1 - Caracterização física sucinta
da Mata Nacional de Leiria
4.1.1
- Clima
A área de estudo é relativamente ao clima de tipo mediterrâneo. “ no verão, o clima mediterrâneo reina por toda a parte, no litoral e no interior, na terra chã e nas serranias” (O Ribeiro, 1945, 1963).
Sem comentários:
Enviar um comentário