quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013


3. Introdução

As questões do ambiente e as alterações climáticas são cada vez mais assuntos não só da comunidade científica, como da sociedade em geral. “Pensar o passado para compreender o presente e preparar o futuro” – Heródoto. Este pensamento continua actual, no entanto apesar da evolução das tecnicas há sempre limitações. “ Ao trabalhar-se o passado ( remoto ou recente), o investigador não tem a possibilidade de proceder à replicação experimental”, …” a actividade do investigador está limitada ao domínio das hipóteses, que podem ser mais ou menos consubstanciadas com novos dados, mas que nunca podem ser confirmadas factualmente” (Dias 2004). A Mata Nacional de Leiria tem uma história tão antiga como a nacionalidade Portuguesa e o pinheiro bravo está-lhe intersectado, fazendo sentido procurar a história do Pinus pinaster num território tão marcante, tão simbólico e como disse Barros Gomes “ o maior e mais antigo monumento vivo de Portugal”.

 

3.1 – Objectivos da investigação.

Este trabalho procura saber como nasceu a ligação do pinheiro à Mata Nacional de Leiria. O trabalho começa por recuar até à última grande glaciação, procurando saber se o pinheiro bravo resistiu aos períodos glaciares no actual território Português e à desflorestação, de modo a compreender se o Pinus pinaster hoje dominante em Portugal se ficou a dever à posterior plantação por parte do homem. Esta questão tem sido tarefa abordada por diversos autores em diferentes estudos, e apesar de algumas divergências, a maioria dos investigadores vão no sentido de o Pinus pinaster ser uma espécie autóctone. Assim, este trabalho recua muito antes do tempo da 1ª dinastia e tenta encontrar na articulação dos diferentes saberes da ciência as respostas à curiosa questão. Já outros o fizeram, desde logo em 1938, quando Arala Pinto publica a sua obra “ O Pinhal do Rei”. É este percurso no passado, que este trabalho procura sintetizar, cimentando uma conclusão com as diferentes perspectivas e os com os diferentes ramos do conhecimento. Neste contexto, a Mata Nacional de Leiria é um território que se enquadra nesta problemática um dos melhores exemplos da intervenção humana e do ordenamento, bem como é um território que preserva não só testemunhos antigos da presença antrópica, mas também conserva do ponto de vista geomorfológico. Acrescenta-se que a presença do homem influenciou desde cedo os habitats e a floresta, nomeadamente desde o neolítico.

3.2 - Metodologia:
Para responder ao objectivo deste trabalho, num primeiro momento foi analisada a área
de estudo na actualidade, nas suas diferentes vertentes físicas, de modo a fazer uma caracterização da mesma, bem como abordar o estudo das características da espécie Pinus pinaster (objecto central do trabalho). Na etapa seguinte o estudo virou-se para o passado, de modo a compreender a evolução ambiental, local e regional de modo a extrair conclusões que permitam perceber o percurso do pinheiro bravo até aos dias de hoje. Para fazer este percurso ao passado, a descoberta do mesmo, passa por interpretar os testemunhos encontrados na natureza. Assim, considerando que o espaço temporal e logístico para a realização deste trabalho é bem limitado, a consulta de trabalhos publicados relativos ao tema, é inevitável. Pelo que, foram consultados e analisados resultados já obtidos por diferentes autores e ramos do conhecimento. Assim, para além da análise dos diagramas polínicos, e do seu valor probatório, interpretou-se os estudos arqueológicos numa perspectiva ambiental, bem como foi estudada a evolução geomorfológica, e ainda numa dimensão mais recente recorreu-se à consulta de documentação relativa à intervenção humana. Foi ainda tomado em consideração os trabalhos publicados relativos à análise cromossómica, ou seja dos marcadores genéticos, os quais podem reforçar os outros indicadores. Em síntese exploraram-se as diferentes dimensões de modo a ser criada uma convicção forte nas conclusões a efectuar neste estudo.
 
 

4.      - Enquadramento geográfico da área de estudo









 
A Mata Nacional de Leiria fica situada no concelho da Marinha Grande, com as seguintes coordenadas geográficas: a norte 39º 52´50,50´´ N, 8º 56´53,19´´ W, a sul 39º 41´99,37´´ N, 9º02´2,89´´ W e a este 39º 45´23.4´´ N, 8º 56´29.0´´W. A MNL têm uma largura máxima de 8.400 m, medida no aceiro F, e o maior comprimento de 18.700 m, medido no arrife 15 (Amaral, 1980). Ocupa uma área de 11.010,09 ha, que corresponde a cerca de 58,74% da área do concelho.

4.1 - Caracterização física sucinta da Mata Nacional de Leiria

4.1.1 - Clima
A área de estudo é relativamente ao clima de tipo mediterrâneo. “ no verão, o clima mediterrâneo reina por toda a parte, no litoral e no interior, na terra chã e nas serranias” (O Ribeiro, 1945, 1963).

 

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