quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013


4.1.2 Geologia e Litologia

A Mata Nacional de Leiria fica situada numa bacia sedimentar detrítica, a oeste da orla mesocenozóica, a norte do promontório da Nazaré e a sul do promontório da Figueira da Foz. Ribeiro et al., (1979).
Esta bacia é constituída segundo Zbyszewki & Torre de Assunção (1965), por siltes, areias e areolas; sedimentos quaternários e neogénicos que assentam, sobre formações jurássicas e cretácicas, sendo que estas últimas apenas parecem pontualmente na Mata Nacional de Leiria. O pinhal de Leiria em concreto estende-se essencialmente numa faixa de areias dunares holocénicas, que apresentam granulometria fina e bem calibrada. Junto à costa há pequenos
afloramentos de rochas eruptivas como doleritos e andesitos do mesozóico. Da Época do pliocénico há pequenos afloramentos nas arribas de S. Pedro de Moel e em grande extensão na parte oriental da mata. Estes são constituídos por areias amarelas, acastanhadas ou acinzentadas, podendo ter seixos e calhaus rolados. Relativamente ao quaternário, as formações são constituídas por dunas, areias de duna, areias de praia, aluviões e sedimentos plistocénicos, sendo que as dunas são formações dominantes, da costa à Marinha Grande.

4.1.3 - Relevo e geomorfologia

A área em análise é assim dominada pelo litoral. Os litorais são sistemas complexos, reúnem em si as diferentes esferas: geosfera, hidrosfera, atmosfera e biosfera. São as zonas mais dinâmicas da superfície terrestre, o que torna complexo a pormenorização da evolução dos ambientes costeiros ao longo dos milénios. A sul do mondego formaram-se campos dunares longitudinais com uma orientação de WNE - ESE, estabilizadas pela vegetação, nomeadamente pelo Pinus pinaster. Estas 3 formações correspondem a 1ª ao plistocénico final, a 2ª ao holocénico inicial e a 3ª da idade média à actualidade. Onde a presença das areias eólicas é pouco espessa, afloram rochas mesozóicas, nomeadamente no ribeiro de Moel. A duna primária, junto à costa tem origem no ripado construído pelo homem. Para o interior sucedem-se dunas transversais com orientação WNW-ESE, de acordo com o vento dominante, que culminam num grande cordão dunar e que na carta topográfica de 1841, era o limite ocidental do pinhal. Neste local foram encontrados pinheiros soterrados, e que a datação nuclear mostrou corresponderem à pequena idade do gelo. Mais para leste ficam os outros dois cordões dunares, já bastantes erodidos e entre os mesmos, dunas transversais. Assim, a área da Mata Nacional de Leiria apresenta relevo aplanado a ondulado, consoante a dimensão das dunas.
 
4.1.4 – Solos
Na classificação dos solos de Portugal da autoria de Cardoso et al (1973), os solos da Mata Nacional de Leiria e de uma forma geral os que ocorrem sobre as formações Miocénicas, Plio-Plistocénicas e dunares da região entre Espinho e Nazaré são solos Potzolizados. Na tese de Marques (2010), o autor defende que os solos são de facto Arenossolos e que os Podzois são pouco frequentes na MNL.
4.1.5 – Enquadramento biogeográfico
A Mata Nacional de Leiria, fica numa zona de Transição - atlântica e mediterrânea – insere-se no sector no Superdistrito Costeiro-Português, no Subsector Oeste-      -Estremenho e na província biogeográfica Gaditano Onubo – Algaviense. A localização geográfica reúne (táxones mediterrâneos e atlânticos).
O Superdistrito Costeiro Português é um território litoral de areias e arribas calcárias, que se estende desde a Ria de Aveiro até ao Cabo da Roca. É essencialmente termomediterrânico. Armeria welwitschii subsp. cinerea e Limonium plurisquamatum são endémicos deste Superdistrito
 
4.2  – Flora dominante
Além do Pinus pinaster, espécie dominante, abundam ainda as seguintes espécies de plantas: Torga-ordinária (Calluna vulgaris (L.) Hull), a Sargaça (Halimium calycinum (L.) K. Koch), o Sanganho-manso (Cistus salvifolius L.) – figura 3, o feto-ordinário (Pteridium aquilinum (L.) Kuhn), Tojo arnal-do-litoral (Ulex europaeus ssp. Latebracteatus L.). Existem ainda outras espécies mais raras como Tápsia (Thapsia villosa L.), o Folhado (Viburnum tinus L.) e a Salva-bastarda (Teucrium scorodonia L.).
4.2.1 Características da espécie Pinus pinaster e sua localização actual
O pinus pinaster é uma árvore de porte médio que atinge 20 a 40 metros de altura e os 40 a 50 cm de diâmetro à altura do peito de um homem. A polonização é anemófila e a dispersão da semente (penisco) é efectuada pelo vento. A árvore tem dois tipos de raízes (superficiais e profundantes), sendo que as primeiras asseguram a estabilização da mesma, conduzem a seiva e as segundas asseguram a fixação ao solo e o acesso à água da toalha freática. O pinheiro forma ainda micorrizas, o que lhe permite a sua notável capacidade de colonizar solos muito degradados. Para a sua defesa, a árvore produz resina, a qual tem a função de protecção contra os insectos. Não necessita de solos muito profundos, somente entre 30 a 60 cm e tolera níveis baixos de salinidade e calcários. Produz ainda uma grande quantidade de sementes com grande capacidade de dispersão. Por estas
características, o pinheiro-bravo tem uma enorme plasticidade quanto às condições climáticas, e hoje pode ocupar praticamente todo o território Nacional, se bem que as condições ideias passam por uma precipitação média anual superior a 800 mm, com um mínimo de 100 mm no verão e uma temperatura entre os 20º C e os -15º C, sendo assim uma espécie pioneira na sucessão ecológica, e das primeiras a colonizar solos nus ou incipientes. É o género mais antigo da família Pinacea, que é originário do Mesozóico médio. No Cretáceo já havia dois subgéneros e a sua presença manteve-se nas latitudes médias do hemisfério norte até aos dias de hoje, variando a sua intensidade e localização em função principalmente do clima existente.
 

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