4.1.2
Geologia e Litologia
A
Mata Nacional de Leiria fica situada numa bacia sedimentar detrítica, a
oeste da orla mesocenozóica, a norte do promontório da Nazaré e a sul do
promontório da Figueira da Foz. Ribeiro et al., (1979).
Esta bacia é constituída segundo Zbyszewki & Torre de Assunção (1965), por
siltes, areias e areolas; sedimentos quaternários e neogénicos que assentam,
sobre formações jurássicas e cretácicas, sendo que estas últimas apenas parecem
pontualmente na Mata Nacional de Leiria. O pinhal de Leiria em concreto
estende-se essencialmente numa faixa de areias dunares holocénicas, que
apresentam granulometria fina e bem calibrada. Junto à costa há pequenos
afloramentos de rochas eruptivas como doleritos e
andesitos do mesozóico. Da Época do pliocénico há pequenos afloramentos nas
arribas de S. Pedro de Moel e em grande extensão na parte oriental da mata.
Estes são constituídos por areias amarelas, acastanhadas ou acinzentadas,
podendo ter seixos e calhaus rolados. Relativamente ao quaternário, as
formações são constituídas por dunas, areias de duna, areias de praia, aluviões
e sedimentos plistocénicos, sendo que as dunas são formações dominantes, da
costa à Marinha Grande.
4.1.3
- Relevo e geomorfologia
A
área em análise é assim dominada pelo litoral. Os litorais são sistemas
complexos, reúnem em si as diferentes esferas: geosfera, hidrosfera, atmosfera
e biosfera. São as zonas mais dinâmicas da superfície terrestre, o que torna
complexo a pormenorização da evolução dos ambientes costeiros ao longo dos
milénios. A sul do mondego formaram-se campos
dunares longitudinais com uma orientação de WNE - ESE, estabilizadas pela
vegetação, nomeadamente pelo Pinus pinaster. Estas 3 formações correspondem a
1ª ao plistocénico final, a 2ª ao holocénico inicial e a 3ª da idade média à
actualidade. Onde a presença das areias eólicas é pouco espessa, afloram rochas
mesozóicas, nomeadamente no ribeiro de Moel. A duna primária, junto à costa tem
origem no ripado construído pelo homem. Para o interior sucedem-se dunas
transversais com orientação WNW-ESE, de acordo com o vento dominante, que
culminam num grande cordão dunar e que na carta topográfica de 1841, era o
limite ocidental do pinhal. Neste local foram encontrados pinheiros soterrados,
e que a datação nuclear mostrou corresponderem à pequena idade do gelo. Mais
para leste ficam os outros dois cordões dunares, já bastantes erodidos e entre
os mesmos, dunas transversais. Assim, a área da Mata Nacional de Leiria
apresenta relevo aplanado a ondulado, consoante a dimensão das dunas.
4.1.4
– Solos
Na classificação dos solos de
Portugal da autoria de Cardoso et al
(1973), os solos da Mata Nacional de Leiria e de uma forma geral os que ocorrem
sobre as formações Miocénicas, Plio-Plistocénicas e dunares da região entre
Espinho e Nazaré são solos Potzolizados. Na tese de Marques (2010), o autor
defende que os solos são de facto Arenossolos e que os Podzois são pouco
frequentes na MNL.
4.1.5
– Enquadramento biogeográfico
A Mata Nacional de Leiria, fica numa zona de
Transição - atlântica e mediterrânea – insere-se no sector no Superdistrito
Costeiro-Português, no Subsector Oeste-
-Estremenho e na província biogeográfica Gaditano Onubo – Algaviense. A
localização geográfica reúne (táxones mediterrâneos e atlânticos).
O
Superdistrito Costeiro Português é um território litoral de areias e
arribas calcárias, que se estende desde a Ria de Aveiro até ao Cabo da Roca. É essencialmente
termomediterrânico. Armeria welwitschii subsp. cinerea e Limonium
plurisquamatum são endémicos deste Superdistrito
4.2 – Flora dominante
Além
do Pinus pinaster, espécie dominante, abundam ainda as seguintes espécies de
plantas: Torga-ordinária (Calluna vulgaris (L.) Hull), a Sargaça (Halimium
calycinum (L.) K. Koch), o Sanganho-manso (Cistus salvifolius L.) –
figura 3, o feto-ordinário (Pteridium aquilinum (L.) Kuhn), Tojo
arnal-do-litoral (Ulex europaeus ssp. Latebracteatus L.). Existem
ainda outras espécies mais raras como Tápsia (Thapsia villosa L.), o Folhado
(Viburnum tinus L.) e a Salva-bastarda (Teucrium scorodonia L.).
4.2.1
Características da espécie Pinus pinaster e sua localização actual
O pinus pinaster é uma árvore de porte médio que
atinge 20 a 40 metros de altura e os 40 a 50 cm de diâmetro à altura do peito
de um homem. A polonização é anemófila e a dispersão da semente (penisco) é
efectuada pelo vento. A árvore tem dois tipos de raízes (superficiais e
profundantes), sendo que as primeiras asseguram a estabilização da mesma,
conduzem a seiva e as segundas asseguram a fixação ao solo e o acesso à água da
toalha freática. O pinheiro forma ainda micorrizas, o que lhe permite a sua
notável capacidade de colonizar solos muito degradados. Para a sua defesa, a
árvore produz resina, a qual tem a função de protecção contra os insectos. Não
necessita de solos muito profundos, somente entre 30 a 60 cm e tolera níveis baixos
de salinidade e calcários. Produz ainda uma grande quantidade de sementes com
grande capacidade de dispersão. Por estas
características,
o pinheiro-bravo tem uma enorme plasticidade quanto às condições climáticas, e
hoje pode ocupar praticamente todo o território Nacional, se bem que as
condições ideias passam por uma precipitação média anual superior a 800 mm, com
um mínimo de 100 mm no verão e uma temperatura entre os 20º C e os -15º C,
sendo assim uma espécie pioneira na sucessão ecológica, e das primeiras a
colonizar solos nus ou incipientes. É o género mais antigo da família Pinacea,
que é originário do Mesozóico médio. No Cretáceo já havia dois subgéneros e a
sua presença manteve-se nas latitudes médias do hemisfério norte até aos dias
de hoje, variando a sua intensidade e localização em função principalmente do
clima existente.
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